segunda-feira, 10 de março de 2014

Fabaceae - Arachis burkartii Handro

Flor com pétalas das alas duas cores (f. 1)
Cálice com tricomas cerdosos (f. 2)
Pedicelo da flor bem desenvolvido, muitas vezes com antocianina (f. 3)
Hábito herbáceo (f. 4)
Folhas viridescentes, margem lignosa e pilosa, face superior glabra (f. 5).
Leguminsae - Papilionoideae - Dalbergieae - Arachis L. - Seção Rhyzomatozae, serie Prorhyzomatozae Krapov & Greg. 80 spp. (Valls e Simpson 2005)
A= gr. sem; rhacis= eixo

No Brasil ocorrem cerca de 65 espécies das quais 47 são endêmicas (Valls 2015).


Plantas perenes ou anuais; herbáceas decumbentes ou eretas; ramos glabros ou indumentado. Estípulas 2, adnata ao pecíolo. Folha tri-tetrafoliolada; folíolos lanceolados, lineares, obovados, oblanceolado, ovados, orbiculares, ápice agudo, retuso, mucronado, margem inteira ou ciliada, base assimétrica, face adaxial glabra ou recoberta de indumento, face abaxial glabra ou com indumento, membranácea, pecíolo maior que a raque. Inflorescência axilar, espiciforme, botão ovado ou falcado. Flor séssil, hipanto linear, zigomorfa, monoclina, hipógina, cálice brevi-campanulado, bilabiado, 4-5 lobos; corola papilionácea, unguiculada, amarela, estandarte patente, orbicular, ovado, oblato, alas livres, quilha fundida, androceu monadelfo, anteras heteromorfas; ovário séssil, pauciovulado, estilete longo. Fruto lomento, geocárpico, navicular, oblongo, cristado ou liso, mesocarpo macio. Sementes 2-4 por lomento, testa lisa, mole.

Perenes. Raiz polaris, com rizomas presentes. Ramos procumbentes. Folhas tetrafolioladas. Vexilo alaranjado, raro amarelo. Fruto biarticulado, pegue mais ou menos vertical, pericarpo elevado ou reticulado (Krapov. e Greg. 1994). 

A seção Rhyzomatozae é constituída por 3 espécies: Arachis burkartii Handro, Apseudovillosa (Chodat & Hassl.) Krapov. & W.C. Gregory  Aglabrata Benth., tendo esta última espécie uma variedade tipica e a Aglabrata var. hagenbeckii (Krapov. e Greg. 1994). 

Seção é facilmente reconhecida devido a presença de rizomas. 

Arachis burkartii Handro, Arquivos de Botânica do Estado de São Paulo 3(4): 177–178, pl. 42–43. 1958.

 Arachis burkartii: nome dado por Handro em homenagem ao grande botânico argentino Aturo Burkart  http://pt.wikipedia.org/wiki/Arturo_Burkart 

Planta herbácea; caule rizomatoso, ramos glabros. Estípula adnada ao pecíolo; pecíolo longo. Folhas 2 pares de folíolos; obovados, coriáceos, ápice arredondado, base assimétrica, margem levemente lignificada, ciliada, face superior glabra, viridescente. Inflorescência espiga curtas, uma flor abrindo de cada vez. Flores com hipanto bem desenvolvido, cálice bilabiado, 3 mais 2, com tricomas hirsutos na face dorsal; pétalas  alaranjadas, alas com duas cores, anteras dimórficas. Frutos com exocarpo liso, com três segmentos de frutos.

Esta espécie é facilmente reconhecida além de apresenta a distribuição restrita a região sul, apresenta folhas com folíolos coriáceos e a margem marcada em ambas as faces (krapov. & Greg. 1994).

Planta frequente no campo sulinos.

 Arachis está entre os grupos de taxonomia mais complexas dentro de Fabaceae, principalmente pelo pequeno número de tratamento dado ao gênero. A maior referência é uma revisão Krapovickas & Gregory 1994. Mais recentemente Valls & Simpson (2005) publicaram 11 novas espécies.

Vale salientar que a maior autoridade no gênero no Brasil é o pesquisador Dr. José Francisco Valls locado na Embrapa Recursos Genéticos - DF.

Dr. Valls é sem dúvida o maior entusiasta do grupo, praticamente 80 porcento de todas as coletas feitas no Brasil foram realizadas por ele. Cortou o Brasil de norte a sul, de leste a oeste. Coletando incansavelmente. Um de seus grandes colaboradores foi Glocimar que por muito tempo coletou junto.

É deslumbrante a alegria com que Dr. Valls conta de suas milhares de coletas.

A partir de tanto esforço e empenho, a Embrapa Recursos Genéticos tem a maior coleção de espécies vivas e um fantástico banco de sementes sob a curadora de Dr. Valls.

Até o momento mais de 60 dissertações e teses foram desenvolvidas referentes a Arachis

 

Fotos: Rubens Teixeira de Queiroz - Coleção viva da Embrapa, Cenargen, Brasília, Distrito Federal, Brasil

Referências

-Krapovickas, A. & Gregory, W.C. 1994. Taxonomy del genero Arachis (Leguminosae). BONPLANDIA 8 (1-4): 1-186. 1994.

-Queiroz, R.T.; Souza, B.I. e Borges Neto, I.O. 2020. Guia de Angiospermas dos Campos dos Areais do Sudoeste do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora compasso lugar-cultura.

-Valls, J.F.M. Arachis in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 
 
-Valls, J.F.M., Simpson, C.E. 2005,  New species of Arachis L. (Leguminosae) from Brazil, Paraguay and Bolivia.  Bonplandia (Argentina) 14:35-64.

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Herbário P

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Fabaceae - Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr. - garapeira -

Inflorescência cauliflora, axilar, racemo (f. 1)
 Flores brancas, 3 pétalas, 3 estames, anteras amarelas (f. 2)
Janeiro a fevereiro é época de floração (f. 3)
Flores díclinas, estaminadas com 3 estames e pistilada com 1 pistilo (f. 4)
fores em antese e com fruto embrionário (f. 5)
sépalas reflexas (f. 6)
racemo  breve (f. 7)
Flor trímera (f. 8)
Ramo com frutos imaturos (f. 9)
Filotaxia alterna, dística, folha imparipinada, face adaxial (f. 10)
Folha com folíolos alternos (f. 11)
Folíolos ovado, discolores (f. 12)
folíolo apical, elítico, ápice cuspidado, margem inteira, base obtusa, glabro (f. 13)
Fruto sâmara com endocarpo esponjoso, semente obovada (f. 14)
Semente imatura (f. 15)
Sâmara madura (f. 16)
Sâmara estipitada (f. 17)
Semente seca, hilo basal (f. 18)
Hilo basal
Testa da semente dura, marmorada,  (f. 19)
Plântula (f. 20)
Cotilédones verdes (f. 21)
Plântula (f. 22)
Folha embrionária trifoliolada (f. 23)
Tronco rugoso (f. 24)
Flor trímera, díclina (f. 25)
Racemo congesto (f. 26)
Flores díclinas e monoclina (f. 27)
Árvore florida (f. 28)
Ramos floridos (f. 29)
Racemos axilares (f. 30)
Árvore da preguiça (f. 31)
Sem dúvida esta planta é uma das favoritas do bicho preguiça (f. 32)
Vários bichos numa planta (f. 33)
Preguiças forrageando (f. 34)
Copa aberta (f. 35)

Leguminosae, Dialioideae, Apuleia Mart.  Flora 20(2): 123. 1837.

No Brasil ocorre apenas uma espécie (Lima 2015).


Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr.


Árvore até 15 metros de altura; copa assimétrica, ramos lignosos, cilíndricos, glabros, inermes. Filotaxia alterna-espiralada. Estípulas basifixas, estreitamente-triangular, caducas. Folhas imparipinadas, 5-7-folioladas, folíolos alternos, oval-lanceolados, elípticos, ápice retuso, margem inteira, base obtusa, margem inteira, face adaxial e abaxial glabra, suavemente discolor, coriáceo, glabra, raque menor que o pecíolo, glândula ausente. Inflorescência axilar, racemo, panícula, corimbosa, congesta. Flores pediceladas, trímeras, monoclinas ou diclinas, hipógina; cálice esverdeado, dialissépalo; corola dialipétala, pétala 3, unguiculada, alvas, obovadas, ápice redondo ou retuso; androceu dialistêmone, estames 3, filetes curtos, anteras 3, amarelas, oblongas, poricidas, basefixa; gineceu 1, ovário com poucos óvulos, filete curvo, estigma disciforme, esverdeado. fruto sâmara, indeiscente, estipitado, oblongo, valvas coriácea, base e ápice assimétricos, plano compresso, margens brevemente alada, coriáceo, imaturo verde e ocráceo quando maduro. Sementes 1-3, oboval, testa lisa, dura pontilhada, hilo basal. Fores perfumadas.

Comentário

Planta arbórea abundante nas matas e fragmentos de mata de João Pessoa. Na época da floração torna-se extremamente vistosa por ficar completamente florida.

A floração ocorre final do verão e início do período de chuva, período que a planta perde totalmente as folhas. Quando florida libera um odor suavemente doce.

As observações sugerem que esta espécie se trata de uma das plantas favorita na alimentação do bicho preguiça, visto que vários indivíduos foram observados forrageando esta espécie.

Nome popular: amarelinha, amarelinho, amarelinho da serra, barajuba, coração de negro, farinheira, garapeira, gema de ovo, jatai, jutai, mirajuba, muiratana, muiratauá (Silva et al. 2004) 

Fotos: Rubens Teixeira de Queiroz, Campus I, UFPB, João Pessoa, Paraíba, Brasil.



Referência

-Bentham, G. (1870). Leguminosae 2, Swartzieae et Caesalpinieae. Apuleia Mart. In: C. F. P. von Martius, Flora Brasiliensis 15(2): 177.

-Dionísio, G.P., Barbosa, M.R.V. & Lima H.C. 2010. Leguminosas arbóreas em remanescentes florestais localizados no extremo norte da Mata Atlântica. Rev. nordest. biol. 19:15-24.

-Falcão, M.J.A.; Mansano, V.F. 2020. Apuleia in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Available at: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB22796>. Accessed on: 01 May 2021

-Fernandes, A. (1994). Novitates Florae Nordestinae Brasiliensis. Apuleia grazielana. Bradea 6: 284 – 288.

-Lewis, G.; Schrire, B.; Mackinder, B. & Lock, M. 2005. Legumes of the World. Kew, Royal Botanic Gardens.

- Lima, H.C. de. 2015. Apuleia in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

-Macbride JF. 1919. 1. Notes on certain Leguminosae. Apuleia leiocarpa (Vogel) comb nov. Contr, Gray Herb., n.s 59:23

-Martius C. Von. 1837. 178 Apuleia praecox Mart. Herbarium Florae Brasiliensis. Flora 20, Beibl.: 123.

-Silva, M.F., Gomes de Souza, L.A., Carreira, L.M.M. 2004. Nomes populares das leguminosas do Brasil. Manaus. Edua.

-Sousa, F.d.S.T., Lewis, G.P. & Hawkins, J.A. A revision of the South American genus Apuleia (Leguminosae, Cassieae). Kew Bull 65, 225–232 (2010). https://doi.org/10.1007/s12225-010-9213-4

-Vogel, Th. (1837). De Caesalpinieis Brasiliae. Leptolobium ? leiocarpum. Linnaea 11: 393.


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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Fabaceae - Angelim-vermelho Dinizia excelsa Ducke

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Fabaceae - Arachis macedoi Krapov. & W.C. Greg.

Eixo principal com filotaxia alterna espiralada (f. 1)
Corola papilionácea amarela (f. 2)
Flor com estria vermelhas na face dorsal (f. 3)
Caule tipo haste com flores axilares (f. 4)
 Planta herbácea bianual (f.  5)
 ramo secundário com filotaxia alterna dística (f. 6)
Folhas tetrafolioladas, folílos oblongos, oblanceolados (f. 7)

Leguminsae, Papilionoideae, Dalbergieae, Arachis L., Seção Extranervosae 80 espécies (Valls e Simpson 2005).

No Brasil ocorrem cerca de 65 espécies das quais 47 são endêmicas (Valls 2015).


Plantas perenes ou anuais; herbáceas decumbentes ou eretas; ramos glabros ou indumentado. Estípulas 2, adnata ao pecíolo. Folha tri-tetrafoliolada; folíolos lanceolados, lineares, obovados, oblanceolado, ovados, orbiculares, ápice agudo, retuso, mucronado, margem inteira ou ciliada, base assimétrica, face adaxial glabra ou recoberta de indumento, face abaxial glabra ou com indumento, membranácea, pecíolo maior que a raque. Inflorescência axilar, espiciforme, botão ovado ou falcado. Flor séssil, hipanto linear, zigomorfa, monoclina, hipógina, cálice brevi-campanulado, bilabiado, 4-5 lobos; corola papilionácea, unguiculada, amarela, estandarte patente, orbicular, ovado, oblato, alas livres, quilha fundida, androceu monadelfo, anteras heteromorfas; ovário séssil, pauciovulado, estilete longo. Fruto lomento, geocárpico, navicular, oblongo, cristado ou liso, mesocarpo macio. Sementes 2-4 por lomento, testa lisa, mole.


Arachis macedoi Krapov. & W.C. Greg., Bonplandia (Corrientes) 14: 43. 2005.
Plantas perene, herbáceas, decumbente; ramo principal ereto, curto congesto, ramos laterais decumbentes, seríceo. Estípulas adnatas ao pecíolo, lanceoladas, parte adnata maior que a parte livre. Pecíolo caniculado, longo. Folhas paripinadas, 2 pares de juga; folíolos lanceolados a oblongos, base assimétrica, ápice obtuso, margem inteira, tricomas na borda as vezes presente. Inflorescência axilares, espiga. Flores amarelas, hipanto bem desenvolvido; cálice bilabiado, 1 livre 4 unidos, lacínios parte livre curta, pétalas amarelas; estandarte com estria vermelhas na face dorsal, alas livres, quilha falcada; androceu 10 estames, monadelfo, anteras dimorfas, rimosas; ovário súpero, unicarpelar, unilocular, peg crescendo horizontalmente no solo. Frutos com epicarpo macio, geocárpicos.

Comentário

Esta espécie constitue uma das nove espécies da seção Extranervosae que se caracteriza principalmente pela presença de estrias vináceas na face dorsal do estandarte (Krapovikas & Gregory 1994),  no entanto este caráter pode ser encontrado em espécies da seção Heteranthae e Caulorrhízae o que mostra a fragilidade desta classificação infragenérica.

Na filogenia de Bechara et al 2010 mostrou que Extranerovsae como um grupo monofilético com afinidade com a seção Heteranthae.

A. macedoi epiteto específico dado em homenagem ao primeiro coletor da espécie professor Amaro Macedo. (Krapovikas e Gregory 1994)

Na seção Extranervosae algumas espécies são bem delimitadas A. burchelliiA. marginata, A. prostrataA. retusaA. villosulicarpa e A. macedoi, no entanto as espécies A. lutescensA. setinervosa,  A. pietrarellii   tem sua delimitação muito tênue, os caracteres utilizados são comprimento do ramo principal e presença ou ausência de tricomas no folíolos

A. macedoi é uma espécies muito próxima de A. setinervosa, sendo distinta pelo tamanho do ausência de pelos na face abaxial (Krapovikas & Gregory 1994).

 Arachis palavra de origem grega utilizada para nomear este gênero A=sem, rachis=eixo dada em alusão ao caule em um eixo principal.

Fotos: Rubens Teixeira de Queiroz, Embrapa Cenargen, Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Referências


-Arachis in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Available at: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB29456>. Accessed on: 14 May 2021

-Bechara, M.D., Moretzsohn, M.C, Palmieri, D.A., Monteiro, J.P., Bacci Jr M.,  Martins Jr. J., Valls, J.F.M,  Lopes, C.R., Gimenes, M.A. 2010. Phylogenetic relationships in genus Arachis based
on ITS and 5.8S rDNA sequences. Plant Biology. 10:255

-BFG. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia, v.66, n.4, p.1085-1113. 2015. (DOI: 10.1590/2175-7860201566411)

-Krapovickas, A. & Gregory, W.C. 1994. Taxonomy del genero Arachis (Leguminosae). Bonplandia 8 (1-4): 1-186. 1994.

-Valls, J.F.M. Arachis in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

-Valls J.F.M, Simpson, C.E. 2005. New species of Arachis L. (Leguminosae) from Brazil, Paraguay and Bolivia.  Bonplandia (Argentina) 2005, 14:35-64.



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